AMAR O PRÓXIMO
Assim como ao longo
da vida é pressuposto educarmo-nos, ou no seio da família ou nas escolas (que pelos vistos entraram em falência
estando o ensino cada vez mais degradado), vamos lendo e consultando obras
literárias que têm sempre um fundo moral, uma lição para a vida. O que me
fascina é como num livro tão antigo, a Bíblia, do tempo da barbárie, surjam
ensinamentos tão elevados e actuais.
Há quem pense que a profundidade espiritual se mede pela fidelidade a certas regras e práticas religiosas.
Mas em Marcos 7-14,15 Jesus lembra-nos que a nossa maior preocupação deveria estar naquilo que realmente temos no coração. O que temos no coração deveria ter um impacto muito maior na nossa vida espiritual do que as "fontes" externas a nós (não é a religião em si que actua mas sim as nossas convicções intimas, porque também há religiões enganadoras ou mal geridas pelos responsáveis) ou seja: O que vem de fora não torna o homem pecador, mas sim o que sai do coração, da consciência humana, que cria os projectos e dá uma direcção às coisas.
A frequência, ou prática religiosa nada significa se o Homem não estiver predisposto ou se não for verdadeiramente crente e obedecer a Deus. Sabemos das seitas criminosas que estabelecem pactos sob a fé religiosa e muitos criminosos que não faltam a uma missa.
Jesus anuncia uma
nova forma de moralidade, onde os homens podem relacionar-se
entre si na liberdade e na justiça. Com isto aboliu a lei sobre a pureza e a
impureza (Levítico 11) na sua expressão religiosa, cuja interpretação era o fundamento de uma
sociedade injusta, baseada em tabus que criavam e solidificavam diferenças
entre os seres vivos e, consequentemente, extensivo às pessoas, gerando privilegiados e
marginalizados, opressores e oprimidos (uma forma de descriminação entre os
homens, assim como há muitas outras e que devem ser abolidas, como a xenofobia e o racismo).
"O que sai da pessoa é o que a torna impura. Pois é dentro do coração da pessoa que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro da pessoa, e são elas que a tornam impura (Marcos 7-21,22,23)".
Afinal tudo como hoje, dois milénios depois. Não é
pelo facto de frequentar uma igreja ou de mostrar uma faceta religiosa (conveniente
em certos meios) que esse alguém tenha lido com
atenção a Bíblia e absorver o que lá vem de positivo, que é muito, e aplicar na
vida diária.
Infelizmente é assim, mas a culpa não é da Bíblia. É de quem a não lê com atenção e quer assumir uma faceta religiosa, seguindo os rituais que não entende mas que lhe interessa por ser conveniente da sociedade que frequenta.
Eu separo a Bíblia das comunidades religiosas que praticam os seus rituais interpretando-a conforme os seus interesses. Há muitos que a lêem e é raro porem os pés num templo de oração, como é o meu caso, e têm um comportamento muito mais justo e solidário do que os que andam sempre a bater com as mãos no peito.
Para ser verdadeiramente religioso basta crer em Deus e no Seu Filho feito Homem e saber que basta dois orarem em conjunto para serem uma igreja, e Deus estará junto deles. A Igreja somos nós e não as paredes de um edifício a que chamam templo. Qualquer edifício desse género, institucionalizado, consagrado como casa de oração, tem de obedecer às leis dos homens e estar integrado no sistema o que leva os interesses de manutenção e pagamento de salários sobreporem-se aos deveres espirituais que têm em relação aos seus irmãos crentes.
Passa a ser um
negócio!
Jesus chamou a atenção para isso quando desmantelou, à chicotada" todos os
"negócios" montados à sombra do templo para explorar os fiéis. "... expulsou todos os que ali vendiam e
compravam, derrubou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam as
pombas; e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração;
vós, porém, a fazeis covil de salteadores." (Mateus
21: 12,13).
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