RECOMPENSA NUMA VIDA ALÉM-TÚMULO
Será que Deus recompensa os crentes numa vida além-túmulo? Para os Cristãos o Novo Testamento responde a esta questão com um rotundo SIM absoluto.
O problema foi levantado no Eclesiastes, no Antigo Testamento, quando o seu autor se interrogava porque os sensatos morriam tal como os insensatos (2:12-17), porque quem trabalhava no duro para sobreviver, tinha de deixar os seus haveres na hora da morte (5:12-16), porque umas vezes os maus vivem mais do que os bons (7:15) e porque quem mais merece nem sempre obtém o que deseja (9:11-12).
Não é possível encontrar uma
resposta convincente em todo o Antigo Testamento, mas as gerações posteriores
de Israelitas começaram a interrogar-se sobre a possibilidade de vida depois da
morte. Começaram a ver as coisas de maneira diferente.
Ou seja: a Bíblia fala-nos da eternidade do espírito e do seu renascimento, conforma as interpretações das diversas filosofias, religiosas ou não. A meu ver o "espírito" nunca renasce. Ele é eterno e retira-se apenas do corpo físico, da forma terrena do Homem, quando chega a altura de esse corpo morrer e voltar ao pó de onde veio. O espírito, que dava vida a esse corpo regressa ao seio do Espírito Universal de Deus, de onde proveio, para mais tarde voltar para junto da Alma (o Ego) que ajudou a criar. A Alma, adormecida no túmulo colectivo da humanidade, "ressuscita" (ou "renasce") para ir habitar outra roupagem material, ou semi-material, noutros planos dimensionais mais elevados. A matéria mais densa é espírito cristalizado e a evolução do indivíduo vai-se processando pelos planos mais etéreos, na sua ascensão, até chegar ao Espírito puro e identificar-se com o Pai. Isto muito por alto, porque tentar explicar a ascensão pelos diversos planos dimensionais, ou Céus, só está ao alcance de Almas muito evoluídas e, mesmo assim, por etapas, conforme o Céu que está a atravessar, porque o conhecimento só é revelado, e compreendido, conforme o grau evolutivo de cada Ser.
O início é conhecido: "Então o Senhor Deus modelou o homem com a argila do
solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser
vivente". (Génesis 2:7). Ou seja, Deus modelou a
forma física do homem e insuflou-a com o Sopro Vital, o espírito, para que essa
forma expressasse vida e inteligência. O verdadeiro Homem (homem ou mulher) não é constituído por carne e ossos, mas pelo Ego,
pela Alma e espírito de natureza eterna.
Quando o espírito e a Alma abandonam o corpo físico, este começa imediatamente a decompor-se, ficando as suas moléculas disponíveis para serem novamente utilizadas por outros organismos, animais, plantas e próprios seres humanos. Na realidade vivemos num verdadeiro oceano de vida. Segundo recomendações dos sábios ocultistas e filosofias religiosas, os cadáveres não devem ser colocados em jazigos hermeticamente fechados (como urnas de chumbo, por exemplo) mas expostos simplesmente na terra ou, então, só passados três dias e meio depois da morte natural, serem cremados. Na natureza nada se cria nada se perde, tudo se transforma.
O Eclesiastes foi escrito precisamente para orientar o Homem quanto
ao descontrolo do seu orgulho e vaidade que só o inferioriza. No Eclesiastes é vincada a comparação do
corpo humano com os corpos animais, em que a sorte é a mesma e todos morrem do
mesmo modo, ensinando porém a conveniência de o Homem se diferenciar dos
animais pela nobreza dos seus actos e pensamentos e em todas as suas relações
de convívio com os outros seres vivos e com a própria Natureza. O que,
infelizmente, nem sempre acontece.
A actuação do Homem sobre a
Natureza e sobre todas as espécies de animais é lamentável e está a
desequilibrar perigosamente todos os ecossistemas. A Terra está praticamente
moribunda, extinguem-se espécies em passo acelerado, o clima alterado, estando
o mundo a mudar para pior, chegando ao ponto de já haver uma
"reacção" da Natureza contra a espécie "parasita" em que se
transformou o ser humano.
Todos os seres vivos possuem um espírito, individual ou colectivo, que os vivifica. O ser humano caminha para níveis de consciência mais elevados, enquanto os animais e vegetais se encontram em diferentes estados evolutivos, permanecendo sempre num plano inferior ao do humano. Na verdade todas as formas físicas dos seres vivos que ficam vazios do átomo divino tornam-se inertes, simples matéria em decomposição. Todas as suas moléculas se desagregam e se dispersam para serem novamente captadas para outros corpos. É a eternidade da vida, o fim terreno de todos os corpos que regressam ao pó.
Só surge uma dúvida para
muitos:
"Quem pode garantir que o Sopro Divino, o espírito dos homens e mulheres se "eleva" no espaço quando da morte física, e o espírito dos animais não se eleva?".
"Como podemos julgar assegurada a imortalidade sem dar à vida um sentido que diferencie o Homem dos Animais e assegure esse progresso sem estar sujeito, como todas as espécies vivas, as leis determinadas que subsistem e regem o Universo?".
Há uma diferença clara entre
o destino do corpo físico e o destino do espírito. E há uma diferença que
distingue o ser humano dos restantes seres vivos: tem um espírito individual,
que lhe permite evoluir num plano diferente dos outros animais e restantes
seres vivos. O que pertence à terra, volta à terra. O que pertence ao Divino (Vida consciente
ou inconsciente) regressa ao Divino. Todos eles evoluem, se bem que em
planos de consciência diferentes.
Certas correntes de
pensamento religioso acreditam que os seres vivos "reencarnam"
sucessivamente para "evoluírem" e se "aperfeiçoarem" na
Terra, o que me suscita algumas dúvidas porque esse "aperfeiçoamento"
não se nota absolutamente nada, antes pelo contrário. O ser humano está a
regredir e já passou por fases muito mais felizes em que as comunidades se
toleravam muito melhor, havia mais ética e respeito pelo próximo. A Terra hoje
está um autêntico "Inferno" onde os valores máximos são o amor ao
dinheiro, a ganância e o "vale tudo" para alcançar os fins. O ensino
degrada-se cada vez mais e a tendência é destruir o pilar básico de qualquer
comunidade, a família. Uma minoria explora a maioria esmagadora da população e
está tudo em estado de guerra permanente. A escravatura voltou ao seu auge. As
"reencarnações" sucessivas não trouxeram nada de positivo. O espírito
humano está cada vez mais selvagem e bárbaro.
Outras correntes de
pensamento pretendem filiar no Eclesiastes
a sua crença no aniquilamento total do ser humano quando morre. Afirmam que
quem vai desta vida não volta mais, só se vive uma vez e não há amanhã.
Vestem-se de preto quando fazem o luto pela morte de parentes. O negro é a
negação da cor e também serve para negar a vida.
Outra corrente de pensamento, que acredita em Jesus
Cristo, defende a tese de que no momento da morte
material o corpo regressa à terra e corrompe-se, a Alma fica adormecida no
HADES, que não é um lugar literal num local específico, mas sim a sepultura
comum da humanidade, o lugar figurativo onde se encontra a maioria dos humanos
falecidos, e o espírito regressa a Deus onde pertence.
Depois do julgamento final, o espírito retorna para a Alma tornada imortal que sempre
acompanhou, e será revestido de um corpo astral incorruptível na Terra num
plano dimensional superior onde continuará a evoluir sem as amarradas do mundo
material, onde, por consequência, já não haverá doenças nem os males que
atingiam o corpo material. Nem haverá o Mal porque Satanás foi aprisionado por
mil anos, conforme vem no livro do Apocalipse.
No plano astral, o mundo
mais elevado para a evolução do Homem, os oceanos e rios já não são precisos
para a sobrevivência do novo corpo e haverá, portanto, espaço suficiente para
todas as Almas que estavam no HADES à espera da ressurreição. A Palavra de Deus mostra
também que aqueles que estão no Seol, ou Hades,
incluem não só os que serviram a Deus, mas também muitos que não O serviram. (Actos
24:15, Apocalipse 20:12-15). Portanto, a
Bíblia diz que haverá uma
ressurreição tanto de justos como de injustos que serão julgados
conforme os seus actos.
Depois do julgamento final, cada Alma segue o caminho que merece: o regresso ao "Inferno" da densidade material para nova oportunidade ou até para continuar no mundo inferior das profundezas em que não tem hipóteses de se espiritualizar (o castigo eterno), ou a elevação para este plano evolutivo livre das doenças e agruras do mundo denso de onde veio. As Almas que passam para o mundo astral começarão então a evolução pelos diversos planos espirituais, conforme o seu grau "escolar", sempre acompanhadas pelo seu espírito que lhe foi atribuído quando ganhou a vida num corpo denso adequado para o mundo material em que iniciou a sua experiência de aprendizagem para dominar a matéria.
O objectivo é atingir a fusão completa entre a Alma e o seu espírito, mas sabe-se que nem todos o conseguirão. Então essas Almas serão escolhidas para diversas missões nos diversos planos, ou Céus, onde as ondas evolutivas acontecem. Se a morte fosse a destruição total, sem possibilidades de as Almas poderem evoluir, neste e noutros planos dimensionais, nem se aperfeiçoarem e melhorarem conforme o objectivo do Senhor, seria um fiasco, um trabalho completamente inglório sem um objectivo. Seria uma futilidade do Criador.
O Ser Supremo não cria
futilidades nem imperfeições. O Homem sim, enquanto evolui e aprende.
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