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quarta-feira, 14 de julho de 2021

 

DESASTRES NATURAIS QUADRUPLICARAM

 

Desastres naturais quadruplicaram em 20 anos devido à mudança climática
ONG recomenda que governos agilizem a ajuda humanitária a países atingidos.
Número de vítimas passou de 174 milhões para 254 milhões.

 



Nos últimos 20 anos, o número de desastres naturais quadruplicou, segundo um relatório da organização OXFAM, que recomenda que os Governos e a ONU agilizem a concessão de ajudas humanitárias.
Oxfam International é uma confederação de 13 organizações e mais de 3000 parceiros, que actua em mais de 100 países tentando encontrar soluções para o problema da pobreza e da injustiça.


O número de pessoas atingidas todos os anos por estas catástrofes passou de 174 milhões, entre 1985 e 1994, para 254 milhões no período de 1995 a 2004, indica o documento, intitulado "Alarme Climático". Desde 1980, a ocorrência de inundações cresceu cerca de sete vezes enquanto o número de episódios geotérmicos - terramotos ou erupções vulcânicas - se manteve relativamente estável.


A directora da Oxfam, Barbara Stocking, afirmou que é preciso preparar-se desde já para enfrentar um número crescente de desastres naturais no futuro, pois, caso contrário, os organismos dedicados à ajuda humanitária ver-se-ão abarrotados de trabalho e deitarão por terra  todos os avanços obtidos no sector.


Apesar de as grandes crises, como a da fome em África no começo dos anos 80, o ciclone que atingiu o Bangladesh em 1991 ou o tsunami asiático, causarem o maior número de mortes, é cada vez mais preocupante a proliferação de desastres de "média magnitude". O número de vítimas mortais neste tipo de desastre passou de 6 mil, em 1980, para 14 mil em 2005. E entre 2000 e 2019, foram registados 6681 desastres naturais pelo mundo, que resultaram em 1,23 milhões de mortos. Esses desastres levaram a uma perda de 2,5 mil milhões de euros em danos materiais.

A representante especial do secretário-geral da ONU para a redução de riscos de desastres e líder da UNISDR (Gabinete das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres), a japonesa Mami Mizutori, declarou que  “O risco de catástrofe converteu-se em algo sistémico, com alguns desastres a influenciarem outros de tal forma que a nossa resistência está a ser levada ao limite”

A representante realçou ainda que, apesar de “mais vidas terem sido salvas” nas últimas duas décadas, “mais pessoas, em termos gerais, estão a ser afectadas pela crescente emergência climática”. “Sem uma recuperação verde, só vamos aumentar a emergência climática”, insistiu Mami Mizutori, advertindo que esta emergência pode ter efeitos mais nefastos do que a actual crise da covid-19. “A covid-19 sensibilizou realmente os governos e o público em geral para os riscos que nos rodeiam. Se vêem que a covid-19 é tão terrível, a emergência climática pode ser ainda pior”, concluiu.

As inundações - que duplicaram - e as tempestades foram os desastres naturais mais frequentes nas últimas duas décadas, de acordo com o relatório da UNISDR. Para a próxima década, a ONU antevê que o pior problema serão as vagas de calor.



Por menores que sejam estes fenómenos, a sua rápida sucessão pode levar cidades e comunidades pobres a uma espiral descendente da qual será muito difícil recuperarem. Para piorar as coisas, adverte a Oxfam, os países ricos costumam dar preferência às nações que sofrem catástrofes de grande magnitude ou que estão em linha com as suas prioridades de política externa.

 
Há também a questão de países que são mais propensos a sofrer desastres meteorológicos, como o Vietname, que foi atingido por graves inundações que devastaram as províncias centrais do país. Mais tarde, foi a vez do tufão "Lekima" afectar a nação, causando grandes deslizamentos de terra e novas inundações de uma magnitude desconhecida nos últimos anos. Além disso, as secas estão a tornar-se cada vez mais frequentes.

 

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