D. AFONSO HENRIQUES E OS TEMPLÁRIOS
Mais um
apontamento que encontrei nos meus arquivos poeirentos indexado como
"Considerações de um Ocultista".
O
nosso Portugal é um País de génese iniciática e esotérica, como está patente
pelo seu mentor, S. Bernardo de Claraval, figura maior do seu tempo no seio da
cristandade. Bernardo de Claraval ou de Fontaine (1090 – Dijon, França / 1153 – Abadia de
Claraval, França), abade cisterciense, Santo e Doutor da Igreja. É o maior impulsionador da Ordem
de Cister e uma das personalidades eclesiásticas mais influentes do século XII.
Morre em 1153, aos 63 anos. É canonizado em
18 de Julho de 1174 por Alexandre III e declarado Doutor da Igreja por Pio VIII
em 1830. O seu dia é 20 de Agosto, feriado municipal de Alcobaça. Em Alcobaça, a sua representação subsiste em esculturas e
pinturas, designadamente na fachada do Mosteiro, no Santuário ou Capela
Relicário, no Refeitório e na Sala dos Reis. Mas
é sem dúvida o Retábulo do Trânsito de São Bernardo, no braço sul do transepto
da Igreja, o expoente máximo de homenagem a esta figura ímpar da Ordem. Neste
retábulo Bernardo jaz moribundo embalado por anjos músicos e querubins. Maria,
no centro da composição, aguarda a sua alma em gesto de acolhimento maternal. Era primo do Conde D. Henrique, pai
do nosso primeiro Rei.
Bernardo
de Claraval enviou um seu tio para a Palestina e em 1128, data da
Batalha de São Mamede, tinha defendido a criação da Ordem dos Templários, de
cavalaria iniciática, cujos estatutos redigiu ele
mesmo. D. Afonso Henriques fez parte dos Templários como
frater
(irmão).
Os
Templários criados para a demanda do Santo Graal, enclausuraram-se durante sete
anos no antigo Templo de Salomão, e surgem como o braço armado da cristandade,
temido em todo o Oriente.
Não
se sabe o que eles lá encontraram. Supõe-se apenas que (como se supõe terem-no trazido para um local seguro na Europa)
encontram o Porto de Graal, ou como
assinava o nosso primeiro Rei, o PORTUGRAL, hoje Portugal. Mais tarde, cerca de
400 anos, haveria de ser levado para a terra da Verdadeira Cruz, ou Vera Cruz como lhe chamou Pedro Alvares Cabral.
Sabe-se
que a Arte Gótica surgiu de repente na Europa, trazida da Palestina pelos
Templários. A Maçonaria Operativa, que construía os Templos, trabalhava com os
Templários. Tinham pontos de contacto muito fortes, o que quer dizer que D.
Afonso Henriques, não sendo um Maçon, teve contactos muito próximos, visto ser frater
de uma Ordem Iniciática como a dos Templários.
O Papa Clemente V decretou, em 1312, a abolição da
Ordem do Templo, ordenando posteriormente que os bens desta, em toda a
cristandade, sejam entregues aos Hospitalários. Mas D. Dinis não acata esta
ordem e anexa provisoriamente os bens dos Templários à coroa portuguesa e
inicia diligências junto da Santa Sé para a criação de
uma nova milícia religiosa, alegando a necessidade de defender Portugal do
Islão que avizinhava as fronteiras do reino, no Norte de África e no Andaluz.
Ao fim de quatro anos de negociações D. Dinis obtém a autorização para fundar a
nova ordem religiosa militar.
A 19 de Março de 1319, por bula de João XXII é
instituída a Ordo Militae Jesu Christi,
ou Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual D. Dinis vai incorporar
os cavaleiros, os bens e os privilégios da extinta Ordem do Templo. A nova
milícia tem inicialmente a sua sede junto à foz do Guadiana, em Castro Marim. O
seu primeiro Mestre foi D. Gil Martins da Ordem de Avis. A Ordem de Cristo
segue, como no tempo dos Templários, a regra de Cister e o abade de Alcobaça
continua a ser o seu juiz espiritual e visitador. Semelhante ao dos Templários,
o hábito dos cavaleiros é branco com a cruz vermelha, mas a sua forma é
ligeiramente diferente: enquanto a templária tinha os braços curvos, na milícia
de Cristo a cruz passa a ter os braços direitos com serifas nas pontas e vazada
a branco no meio.
A
nova Cavalaria mantém a subordinação ao rei, sendo necessária a sua aprovação
para todos os actos de administração, alienação de bens, alteração de costumes,
destituição de freires ou comendadores. Em 1357 a sede da Ordem de Cristo é
instalada na antiga sede templária, o castelo de Tomar, onde se mantém
definitivamente.
Quando o
Infante D. Henrique foi governador da Ordem
de Cristo, logo seria um iniciado nos mistérios Templários, porque deu
guarida e "herdou" praticamente todo o património e segredos da Ordem
dos Templários quando esta foi extinta pelo Papa.
A Ordem de
Cristo (portanto, fiel depositária da
extinta Ordem do Templo) deve a sua existência à teimosia do Rei D. Dinis,
que era um iniciado numa Ordem iniciática Trovadoresca conhecida como " Os
Fieis do Amor". Daí ser o Rei "trovador", poeta, pelas suas
"canções de amor". Supõe-se também que Luiz de Camões e Fernando
Pessoa tenham pertencido a esta Ordem tão pouco conhecida entre nós.
O Rei D. João
II, também um iniciado, foi um dos mais destacados Grão-Mestre da Ordem de
Santiago e Espada, e vários dos grandes navegadores foram Cavaleiros desta
Ordem. De referir que D. Dinis não se limitou a criar a Ordem de Cristo. A ele
se deve a desanexação da Comenda Portuguesa da Ordem de Santiago, através da
Bula papal de 1288. Tal como as outras Ordens Militares, a Ordem de Santiago desempenhou
papel importante na Reconquista. Foram-lhe concedidos vários bens. O Mestre da
Ordem, por residir em Castela, favoreceu o quase abandono das casas portuguesas
e consequente decadência por má administração, originando movimentações de
desagrado dos freires. Estes com o apoio do rei D. Dinis alcançaram a bula
«Pastoralis officii», do papa Nicolau IV, a 17 de Setembro de 1288, pela qual
foi ordenado que os comendadores e cavaleiros portugueses da ordem elegessem
por seu mestre provincial um dos freires, preferencialmente, natural dos reinos
de Portugal e Algarve, ficando a Comenda fora da alçada de Castela.
Vasco
da Gama, tendo sido um ilustre Almirante, seria obrigatoriamente um iniciado.
Só assim poderia capitanear uma embarcação Portuguesa.
Portanto,
admitindo como boa a argumentação para o facto de todos estes não terem sido
Maçons, foram, pelo menos, iniciados e tiveram contactos importantes com a
Ordem Maçónica e a Maçonaria, que no entender de Fernando Pessoa não seriam a
mesma coisa… para ele a Ordem Maçónica era ancestral (anterior mesmo à lenda de que os portadores do avental de 3 rosas
conhecem) e a Maçonaria a que ele se refere é a especulativa surgida no
século XVIII. Quando Fernando Pessoa dá a entender nos seus escritos ser Maçon
a qual das duas se referia? Crê-se que à primeira…
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