O GRUPO BILDERBERG “ESCOLHE OS NOSSOS POLÌTICOS?”
Segunda-feira,
14 de Dezembro de 2015 |
(Do site "a
novaordemmundial.com, com tradução para português de Portugal e alguns
sublinhados meus sem alterar o sentido do texto, e sem adopção às regras do acordo ortográfico de
1990)
Quando se trata das reuniões secretas/discretas das elites financeiras, empresariais, políticas e, tecnocratas do mundo nas conferências anuais Bilderberg, uma crítica comum dos teóricos da conspiração e outros é que o grupo pré-seleciona os principais políticos - presidentes e primeiros-ministros são escolhidos em secreto, criando de antemão as possíveis escolhas que são apresentadas à população em geral sob a falácia de uma eleição livre quando, na realidade, essa liberdade se encontra determinada a priori.
Os participantes dos Bilderberg negaram sempre este quadro, o que sugere que os participantes dos Bilderberg simplesmente convidam os políticos que parecem ter um futuro brilhante diante deles.
A verdade é que ocorre uma mistura de ambos. O grupo Bilderberg convida os políticos que parecem ter um futuro influente nas suas respetivas nações, mas a sua presença nas reuniões (em função de sua capacidade de impressionar os membros do Bilderberg e participantes) pode ter em si, uma influência muito importante sobre seu futuro político. E a razão para esta propriedade simétrica é que os industriais, banqueiros e magnatas da mídia participante, possuem o poder individual e o poder coletivo sobre os processos políticos de grande parte do mundo ocidental.
Em essência, as principais ideologias que dominam o grupo são um absoluto compromisso com a globalização corporativa e financeira, o apoio de uma ordem mundial liderada pelo Ocidente, bem como o avanço e uma maior constitucionalização do governo global. Os políticos que compartilham pontos de vista semelhantes são mais propensos a serem convidados. Como por exemplo o presidente dos Bilderberg Etienne Davignon explicou, "automaticamente, ao redor da mesa (de reuniões) se obtém os internacionalistas" que apoiam a integração europeia, a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a cooperação transatlântica".
O resultado: os políticos convidados que impressionam os membros e convidados que participam através de discursos ou contribuições aos debates, é provável que obtenham o apoio dos indivíduos e das instituições mais poderosas do mundo. Isto não é uma garantia absoluta de sucesso político com o objetivo de conseguir o cargo mais alto, mas há numerosos exemplos de políticos cuja presença possa ter proporcionado apoio - ou inclusive uma fundamental influência para alcançar um cargo mais alto.
Como o ex-membro do Comitê Diretor Bilderberg, Denis Healey explicou numa entrevista ao The Guardian: "O Bilderberg é uma forma de reunir os políticos, industriais, financeiros e os jornalistas. A política deve envolver pessoas que não são políticos. Nós marcamos um ponto de encontro para conseguir com que os políticos mais jovens, os quais obviamente, estão a subir, se reúnam com financeiros e industriais que lhes ofereçam sábias palavras. Aumentando a probabilidade de ter uma política global sensata".
Claro, a noção do que é 'sensato' está claramente inclinada para as políticas que beneficiam os interesses e objetivos dos financeiros e industriais.
Os fatores Thatcher e Clinton
Um bom exemplo disto é o crescimento de Margaret Thatcher. Em 1975, quando Thatcher se tornou a líder da oposição no parlamento britânico, foi convidada à conferência Bilderberg desse ano. Um artigo do Financial Times daquele ano, escrito por C. Gordon Tether afirmou que Thatcher e outros participantes britânicos "participaram - acompanhados pela banca britânica e os chefes industriais - de conversações completamente secretas sobre os problemas do mundo" com a maioria da elite da comunidade empresarial internacional - os super-capitalistas". O artigo observou que "se o grupo Bilderberg não é uma conspiração, estava a ser bem executado de tal maneira que parecia uma boa imitação de uma".
Jon Ronson entrevistou um membro Bilderberg (que permanece anónimo) que havia convidado Thatcher para a reunião. O ex-membro Bilderberg lembrou que Thatcher havia permanecido em silêncio durante os primeiros dois dias da reunião, o que levou alguns participantes a queixarem-se sobre esta senhora que "não havia dito nenhuma palavra". Assim que o membro Bilderberg falou com Thatcher e logo, no dia seguinte, de repente, ela levantou-se e puderam ver uma Thatcher diferente durante três minutos... A sala ficou atordoada. Como resultado desse discurso, David Rockefeller e Henry Kissinger e o resto dos americanos apaixonaram-se por ela. Levaram-na à América de limousine e apresentaram-na a todos. "Quatro anos depois, Thatcher era primeira-ministra e o seu reinado deixou um legado de privatizações, neoliberalismo e o benefício para os poderosos."
Mas Thatcher não é a única política que alcançou grandes poderes após participar de uma reunião Bilderberg. Bill Clinton foi convidado à reunião de 1991 na Alemanha quando era o governador do Arkansas. Dois anos mais tarde, seria o presidente dos Estados Unidos. Clinton foi convidado pelo seu amigo e membro do Comitê Diretor Bilderberg, Vernon E. Jordan Jr., uma figura importante no meio corporativo dos Estados Unidos, que anos mais tarde ficou conhecido como o "confidente mais próximo" do presidente Clinton.
Como relatou o The Washington Post em 1988: "Muitos governantes tentam entrar nessa esfera; Clinton foi levado a sério nessa reunião apenas porque Vernon disse que era bom. Vernon Jordan mais tarde lembrou que após Bill Clinton vencer a eleição presidencial e tornar-se presidente. "o comitê diretor Bilderberg foi à Washington em janeiro, eu liguei para o presidente e disse-lhe: 'Sr Presidente, eles estão aqui - e ele foi ao Hotel Four Seasons, e os europeus sentiram como se Clinton fosse propriedade deles, uma vez que se reuniram com ele quando era totalmente desconhecido".
Moldando o Canadá, Estado Unidos, Reino Unido e além...
Entre os políticos canadianos que participaram das reuniões Bilderberg antes de se tornarem primeiros-ministros, encontram-se Pierre Trudeau, Paul Martin, Jean Chrétien e Stephen Harper. O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair também havia participado antes de tornar-se primeiro-ministro do Reino Unido. Praticamente todos os presidentes da Comissão Europeia participaram das reuniões Bilderberg antes de serem nomeados.
Em 2004, como John Kerry foi candidato à presidência contra George W. Bush, um potencial companheiro na carreira presidencial, John Edwards foi convidado a falar na reunião Bilderberg desse ano. De acordo com uma reportagem do The New York Times, John Edwards "falou tão bem no debate sobre a política americana... que se os participantes romperam as regras Bilderberg para aplaudir antes do final da sessão". Um amigo de John Kerry que havia participado da reunião lembrou que o discurso de John Edwards "Foi importante... Não tenho dúvida de que Kerry levaria em conta o bom discurso que fez". Pouco depois, Edwards foi elogiado como parceiro de Kerry (embora, claramente não venceram a eleição mais importante desse ano).
A influência Bilderberg sobre Obama
Na verdade, foi um membro Bilderberg, James A. Johnson, um proeminente executivo de uma empresa americana, que aconselhou John Kerry para tal escolha de parceiro. E, em 2008, o mesmo Johnson "foi encarregado de liderar a busca de parceiro de Barack Obama". Assim como o Financial Times informou em Maio de 2008 que, James Johnson foi nomeado "para liderar um comitê secreto para realizar uma lista para o parceiro de Obama como vice-presidente."
De 5 a 8 Junho de 2008, o Grupo Bilderberg reuniu-se em Chantilly, Virgínia, coincidindo com a campanha entre Barack Obama e Hillary Clinton para vencer a nomeação presidencial, Como é típico durante a temporada de campanha, os candidatos viajaram com uma comitiva de jornalistas. Mas na noite de 5 de junho, após um comício de campanha em Bristow, Virgínia, a comitiva de imprensa de Obama foi "levada ao Dulles Airport, nos arredores de Washington DC, para embarcar em voo para Chicago", como informou a CBS.
A imprensa esperou no avião de Obama, os quais foram informados que ele estava a fazer entrevistas com repórteres locais. Após uma hora de espera, o piloto informou à imprensa que o avião estava pronto para decolar, sem Obama a bordo, o que levou muitos jornalistas a pensarem que 'haviam sido enganados". Robert Gibbs, diretor de comunicações de Obama (e posteriormente secretário de imprensa) informou aos jornalistas do avião que Obama decidiu deixar Washington para as "reuniões", embora tenha negado a dizer com quem se reuniu. Gibbs explicou: "Não foi uma intenção de enganar de modo algum, são simplesmente reuniões privadas". Pouco depois que o avião aterrou em Chicago, Gibbs informou à imprensa que Obama havia-se reunido com Hillary Clinton, embora não tenha detalhes da reunião ou onde foi realizada.
Na época, especulou-se que, tanto Obama como Clinton participaram da reunião Bilderberg que estava a ocorrer. Embora nunca foi confirmado, a pergunta continua a ser, por que dois dias depois das "reuniões privadas", Hillary retirou-se da corrida e Obama tornou-se candidato presidencial. Mais tarde, como presidente, Obama deu a Clinton a Secretaria do Estado.
No Verão de 2012, John Kerry participou da reunião Bilderberg e passou a substituir Hillary Clinton como secretário de estado de Obama no seu segundo mandato. A Forbes garantiu que a presença de Kerry na reunião Bilderberg pode ter ajudado a sua escolha como secretário - afirmando também que Mark Carney (Canadá), havia participado da sua primeira reunião Bilderberg em 2011 quando era governador do Banco do Canadá e foi convidado de novo em 2012 quando participou junto ao chanceler britânico do tesouro, George Osborne. Após alguns meses da reunião, Osborne renunciou e Carney foi nomeado como o governado do Banco de Inglaterra - a primeira vez que um cidadão não britânico foi designado para dirigir a instituição.
Logo após ser nomeado Presidente do Conselho Europeu em 2009, o político belga Herman Van Rompuy participou de uma reunião secreta do comité director do Grupo Bilderberg "para promover a sua candidatura". Ele foi convidado pelo então presidente do Bilderberg Etienne Davignon e pelos membros que participaram, grandes financeiros e empresários, assim como figuras influentes como Henry Kissinger. Van Rompuy impressionou a reunião. Em seguida, exerceu o cargo de Presidente do Conselho Europeu entre 2009 e 2014.
Participar da reunião Bilderberg não é uma garantia de um cargo mais alto, mas talvez possa apoiar uma rápida ascensão ao poder do Estado para os políticos que impressionam os membros e convidados das reuniões anuais. Como explicou Etienne Davignon, o comitê diretor Bilderberg "faz todo o possível para avaliar quem são os brilhantes novos meninos ou meninas em fase inicial da sua carreira que querem ser notados".
O jornalista, apresentador
de rádio e televisão e escritor Gabriel Sánchez Ogáyar declarou ao RT que o
polémico Clube Bilderberg se posiciona e actua enormemente na
política espanhola e revelou as artimanhas das quais se serve este grupo
envolto de secretismo para perpetuar-se no poder.
Para exemplificar como o Grupo Bilderberg influencia na política espanhola, o jornalista Gabriel Sánchez Ogáyar utiliza semelhantemente um tabuleiro de xadrez, onde todas as peças possuem a mesma cor. "Supomos que sejam brancas. Quem ganha a partida? Logicamente as brancas, Ganhando uma ou mais vezes, elas são da mesma cor, pertencem ao mesmo grupo, possuem interesses idênticos e um mesmo objetivo: impor e perpetuar o capitalismo", disse ao RT.
Além disso, o especialista afirma que entre estas peças, há algumas com um "valor maior", pois usufruem de um movimento maior (poder), enquanto que os peões apenas podem mover-se. Estes últimos protegem os anteriores, "abrem caminho e arriscam-se pelas peças mais valiosas, as quais servem. Por exemplo, a imprensa". "Essas peças mais valiosas são aproximadamente 30% das pessoas que vão às reuniões anuais do Grupo Bilderberg (membros permanentes), e são políticos, nobres, banqueiros e empresários", afirma.
Leia também: Bilderberg 2015: A Implementação da Inteligência Artificial
Para exemplificar como o Grupo Bilderberg influencia na política espanhola, o jornalista Gabriel Sánchez Ogáyar utiliza semelhantemente um tabuleiro de xadrez, onde todas as peças possuem a mesma cor. "Supomos que sejam brancas. Quem ganha a partida? Logicamente as brancas, Ganhando uma ou mais vezes, elas são da mesma cor, pertencem ao mesmo grupo, possuem interesses idênticos e um mesmo objetivo: impor e perpetuar o capitalismo", disse ao RT.
Além disso, o especialista afirma que entre estas peças, há algumas com um "valor maior", pois usufruem de um movimento maior (poder), enquanto que os peões apenas podem mover-se. Estes últimos protegem os anteriores, "abrem caminho e arriscam-se pelas peças mais valiosas, as quais servem. Por exemplo, a imprensa". "Essas peças mais valiosas são aproximadamente 30% das pessoas que vão às reuniões anuais do Grupo Bilderberg (membros permanentes), e são políticos, nobres, banqueiros e empresários", afirma.
Leia também: Bilderberg 2015: A Implementação da Inteligência Artificial
Juan Luis Cebrián |
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"Estas pessoas estão metidas na política espanhola criando opinião através dos meios que a elite bancária financia, como o Banco Santander ou o BBVA", afirma o escritor, que coloca como exemplo o conselho de administração do Grupo Prisa, o qual é composto por vários bancos e uma petrolífera, entre outros. De acordo com o jornalista, estas grandes empresas "recrutam conselheiros, ex-presidentes e ex-ministros" para o movimento chamado "porta giratória".
"Estes políticos, enquanto estão activos, beneficiam as empresas nas quais, uma vez fora da política, são recrutadas como conselheiros sem importar o partido. Nisso, ninguém verá um representante contrário ao capitalismo. A partir daqui, podemos dizer que são os bancos e os grandes empresários os que apoiam os políticos com o respaldo da imprensa em prol de seus interesses", conclui.