O CULTO DO CARGO
Como nasce uma religião gentílica, pagã.
Em 1946, as patrulhas do governo australiano, ao aventurarem-se em
regiões incontroláveis da Nova Guiné, encontraram tribos agitadas por um grande
vento de excitação religiosa: acabava de nascer o Culto do Cargo.
É possível até que este fenómeno possa ter ocorrido no passado da
Terra, quando antigos astronautas extraterrestres terem entrado em contato com
os nossos antepassados que os consideraram deuses.
Todos os anos, a tribo Kayapó Amazpnica comemora a
chegada da misteriosa Bep-Kororoti, ou "aquele que vem do cosmos",
que veio visitar a Terra há muito tempo.
Assim narra uma antiga lenda amazónica:
"O
guerreiro do cosmos parecia ter prazer em ver a fragilidade dessas pessoas.
A fim de querer
dar-lhes uma demonstração de seu poder, ele levantou a arma e ouviram-se
trovões, quando apontou para uma árvore e, em seguida, uma rocha, destruindo
ambos.
Todos entenderam que Bep-Kororoti queria mostrar-lhes que não tinha vindo
para fazer a guerra ".
A história
humana ensina-nos que o mundo evoluiu de simplicidade à complexidade, a partir
de ferramentas de pedra à tecnologia avançada que temos disponíveis hoje.
Ainda assim, dezenas de histórias das culturas nativas parecem complicar este
esquema aparentemente linear.
Tesouros
arquitetónicos de enormes estruturas megalíticas e histórias dos antigos deuses
que desceram à Terra na antiguidade, sugerem a visita de antigos astronautas
alienígenas há milhares de anos atrás.
É possível
que os antigos astronautas extraterrestres tenham entrado em contato com os
nossos antepassados e foram confundidos com deuses por causa de sua
tecnologia avançada? Para explorar esta possibilidade, precisamos de entender o
detalhe do fenómeno "Culto do Cargo".
O Dia John
Frum
" O dia de John Frum " é o evento mais importante no culto nascido dentro da tribo que
vive na ilha. Neste
dia sagrado, inúmeros desfiles e celebrações são realizadas para honrar a
divindade compassiva que havia visitado essas pessoas muitos anos antes.
Muitos etnólogos acreditam que os nativos de Tanna
desenvolveram o culto em torno da figura de um soldado americano chamado John
Frum (provavelmente o que ouviam ao pronunciarem "John from America",
John da América), que viveu em estreito contacto com a tribo na Segunda guerra
Mundial.
É sabido que o culto começou a desenvolver-se com a
chegada de cerca de 300.000 soldados norte-americanos às Novas Hébridas,
encarregados de defender o arquipélago a partir de uma possível invasão
japonesa.
O caso de John Frum é uma das partes mais conhecida
do fenómeno conhecido como "Culto do Cargo ". É um fenómeno étnico-sociail singular que surgiu
como resultado de expedições americanas nas ilhas do Pacífico durante a Segunda
Guerra Mundial.
A
distribuição gratuita de alimentos, a aplicação da medicina ocidental entre as
pessoas de tribos primitivas e a utilização de aviões, tinha que impressionar
bastante os nativos, de modo a acreditar que, supersticiosos e com a sua
cultura subordinada aos deuses, os empurrou para a criação de um culto religioso
real em honra desses deuses.
Com o fim da guerra, o principal objetivo da adoração
é invocar o retorno dos deuses com a
pele branca, como John Frum ou como Philip Duque de Edimburgo, adorado por
Yaohnanen, tribos Vanuatu, no arquipélago.
Portanto: O
cargo é um termo inglês que designa as mercadorias comerciais destinadas aos indígenas.
Latas de conserva, garrafas de álcool, candeeiros de parafina, etc. Para esses
homens ainda na idade da pedra o súbito contacto com essas riquezas não podia
deixar de ser profundamente perturbante. Depois, reparavam que aqueles homens
brancos se dedicavam a atividades misteriosas, vestiam-se todos da mesma
maneira (uniformes muilitares), sentavam-se em frente de uma caixa de metal com
mostradores de onde saiam ruídos mágicos, graças aos quais obtêm dos deuses o
envio do Cargo.
Os indígenas
resolveram então copiar esses "rituais". Experimentaram vestir-se à
europeia, falaram para dentro de latas de conservas, espetaram troncos de
bambus sobre as choupanas a imitar antenas, e construíram falsas pistas de
aterragem, na expetativa do Cargo.
Bep-Kororoti: astronauta que visitou o Amazon
Os Kayapó
celebram anualmente a chegada do misterioso Bep-Kororoti, "aquele
que vem do cosmos", usando um vestido de vime curioso que se assemelha a
um modern traje espacial.
De acordo
com as histórias do líder da tribo, a pessoa misteriosa veio das montanhas do
Pukato-Ti. O
medo da primeira reunião, os moradores começaram lentamente a desenvolver uma
verdadeira adoração do estranho, motivado pela sua beleza, pelo brilho branco
de sua pele e a sua boa vontade para com todos. Diz-se que este estranho visitante era extraordinariamente
inteligente e que tinha entregue aos antepassados o precioso conhecimento da tribo.
Diz a lenda que um dia Bep-Kororoti explodiu num
acesso de raiva e com gritos e ameaças proibiu membros da tribo de se aproximarem
dele. Foi então que a
tribo viu o estranho ir para o pé da montanha e escapar para o céu numa
tremenda explosão que sacudiu toda a região.
Os nativos viram Bep-Kororoti desaparecer em uma
nuvem de fogo. A explosão foi tão forte a ponto de destruir uma grande área da
selva, acabou com os animais e por esse tempo, a tribo sofreu um período longo
da fome e inanição.
O etnólogo João Américo Peret, que
entrevistou os anciãos da comunidade aborígine em 1952, disse que a história de
Bep-Kororoti remonta a um passado muito distante.
Pesquisadores modernos, à luz do
fenómeno "Culto do Cargo", tentam saber que tipo de pessoa poderia
ter visitado as tribos do Mato Grosso em um período tão remoto, vestido com um
traje espacial e possuindo uma mágica que, para dizer o Kayapó , ele foi capaz
de quebrar um animal com um simples toque.
Certamente, a figura de Bep-Kororoti não corresponde
ao soldado humanitário de mentalidade norte-americana de que a Tanna Vannatu
continua a adorar. Mas o mais bizarro, quando se
aprendeu sobre a história dos Kayapó, é o traje espacial estranho que tornou-se
parte integrante das cerimónias em memória do Bep-Kororoti, como o culto dos
tempos antigos, que surgiu quando o ser humano ainda não ia ao espaço.
Além disso,
o conto da partida de Bep-Kororoti "entre
nuvens de fumo, luz e trovão", é claramente uma reminiscência do
comportamento de um motor a jato moderno. O show
deve ter dominado os sentidos dos aborígenes.
Segundo relatos, o mecanismo de propulsão foi
controlado por aquilo que os nativos acreditam ser um dos "ramos" e o
navio parecia ser uma "árvore". Diz a lenda que o visitante se sentou nesta árvore (nave
espacial) e tocou nos ramos (instrumentos de bordo), que provocou uma grande
explosão e a árvore desapareceu no ar.
Ou seja: os nossos antepassados com
estes contatos que não compreendiam, interpretaram-nos conforme o seu grau
evolutivo. Surge a tradição, que quer dizer o ensinamento de
"rituais" que eram uma forma muito legitima de agir em função do
conhecimento diferente. Teriam imitado infantilmente atitudes, gestos,
manipulações, sem os compreender, sem os relacionar com uma realidade complexa
que lhes escapava, na expetativa que esses gestos, essas atitudes, essas
manipulações trouxessem qualquer coisa. Qualquer coisa que não vem: um maná
celestial, na verdade conduzido por vias que a sua imaginação não podia
conceber. É mais fácil cair no ritual do que atingir o conhecimento, mais fácil
inventar deuses do que compreender técnicos.
Deste modo, não podemos reduzir todo
o impulso espiritual a uma ignorância material. Antes pelo contrário. Para nós
a vida espiritual existe. Se Deus ultrapassa toda a realidade, encontraremos Deus
quando conhecermos toda a realidade (ai está o objetivo da evolução
da Alma). E se o Homem tem poderes que lhe permitem compreender todo o Universo,
Deus é talvez o Universo todo, mais
qualquer outra coisa.
Se aquilo que chamamos esoterismo (O esoterismo, portanto, prega que existe certo conhecimento que é oculto à maioria, e que
somente alguns iniciados
podem atingi-lo, por meio de uma busca que envolve, em alguma medida, o sobrenatural) não
passasse, de facto, de um exoterismo
(Exotérico é tudo que se fala abertamente sobre: uma filosofia,
uma corrente de pensamento, uma religião, etc., ou seja: todo o ensinamento
dado publicamente, sem reservas)? Se os mais antigos textos da
humanidade, sagrados aos nossos olhos, não passassem de traduções adulteradas,
de divulgações sem autoridade, de relatos de terceira mão, das recordações um
pouco falseadas de realidades técnicas? Nós interpretamos esses textos sagrados
como se realmente fossem a expressão da "verdade" espiritual, de
símbolos filosóficos, de imagens religiosas.
Imaginemos uma época muito remota em que as mensagens
provenientes de outras inteligências do Universo eram captadas e interpretadas,
em que os visitantes interplanetários tivessem instalado uma rede sobre a
Terra, onde fora estabelecido um tráfico cósmico. Imaginemos que ainda existem,
em qualquer santuário, notas, diagramas, relatórios, decifrados com
dificuldades, no decorrer dos milénios, por monges detentores dos segredos
antigos, mas de forma nenhuma qualificados para extrapolar. Exatamente como
seriam capazes de fazer os feiticeiros da Nova Guiné ao tentarem compreender
uma folha de papel sobre a qual estivessem inscritos os horários dos aviões
entre Nova Yorque e São Francisco.
Por fim, temos o livro de Gurdjieff: Narrações de Belzebu a seu Neto, cheio
de referências a conceitos desconhecidos, a uma linguagem inverosímel.
Gurdjieff diz que teve acesso a "fontes". Fontes que não passam de
desvios, Faz uma tradução em milésima mão, acrescentando-lhe ideias pessoais,
edificando uma simbólica de psiquismo humano: eis o esoterismo.
Num prospeto-guia das linhas internas de aviação dos
EUA vem: "Pode marcar o seu lugar em
qualquer parte. Esse pedido de marcação é registado por um sensor eletrónico.
Outro sensor marca o lugar no avião que você deseja. O bilhete que lhe for entregue
será perfurado conforme, etc,".
Imaginemos o que isto daria à milésima tradução em
dialeto amazónico, feita por pessoas que nunca tivessem visto um avião e que
ignorassem o que seja um sensor eletrónico, bem como o nome das cidades citadas
no guia. E agora: imaginemos o esoterista perante esse texto, remontando às
origens da sabedoria antiga e procurando um ensinamento para a conduta da Alma
humana…
Se existiram, na noite dos tempos, civilizações
edificadas sobre um sistema de conhecimentos também houve Manuais. AS CATEDRAIS
SERIAM MANUAIS DO CONHECIMENTO ALQUÍMICO. Não está posto de parte que alguns
desses manuais, ou fragmentos, tenham sido novamente descobertos, piedosamente
conservados e indefinidamente recopiados por monges cuja tarefa era mais
salvaguardar do que compreender. Indefinidamente recopiados, fantasiados,
transportos, interpretados não em função desses conhecimentos antigos, altos e
complexos, porém em função do limitado saber da época.
Mas, afinal de contas, todo o conhecimento técnico,
científico, levado ao extremo, conduz a um conhecimento profundo da natureza do
espírito, dos recursos do psiquismo, leva a um estado superior da consciência.
Se, a partir de textos esotéricos (mesmo que não sejam senão aquilo que aqui se
disse) alguns homens puderam ascender a esse estado superior de consciência, de
certa maneira restabeleceram contato com o explendor das civilizações extintas.
Também não está excluido que haja duas espécies de "textos sagrados",
fragmentos de testemunhos de um antigo conhecimento técnico e fragmentos de
livros puramente religiosos, inspirados por Deus. Ambos se confundiram, na
falta de referências que permitissem distingui-los. E, na verdade, trata-se em
ambos os casos, de textos igualmento sagrados.
Fonte:
Livro Le Matin des Magiciens –
Editora Gallimard – Paris - 1958
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