O INFANTE
D. HENRIQUE
Para
complemento do artigo “A PORTA PARA O PARAÍSO”, de 7.4.2018, junto mais este
texto muito interessante que encontrei na publicação “Rosacruz” nº 427, da
autoria de Francisco Marques Rodrigues, intitulado “O Infante D. Henrique”. As
imagens foram acrescentadas por mim.
“ Filho de D. João I e de sua esposa, D.
Filipa de Lencastre, o Infante D. Henrique nasceu na cidade do Porto em 4 de
Março de 1395. O Sol transitava pelo segundo decanato do signo zodiacal dos
Peixes, pertencente ao elemento água e regente de Portugal e da Galiza. Este
signo tem, por sua vez, como regentes os planetas Neptuno e Júpiter. O primeiro
exerce domínio sobre os oceanos e sobre o plano espiritual, vastíssimo campo
povoado de mistérios; o segundo faz incidir o seu poder nas religiões e na
filosofia, abrangendo os professores catedráticos e tudo o que consideramos
mente superior (e também a alta finança).
Por este motivo, o Infante bem cedo começou a
sentir-se atraído pelas misteriosas águas do Atlântico e pelas ciências
espirituais. A narração que o seu irmão D. Pedro lhe fez das suas viagens pela
Europa e da Ásia terá decerto acentuado nele o fervor pelo ignoto.
O Infante D. Henrique, um dos membros da
‘Ínclita Geração’, era bisneto de D. Dinis, o Rei Trovador, que tanto
contribuiu para o engrandecimento de Portugal e que já acalentava o sonho da
epopeia marítima. Com o fito de assegurar madeira para as embarcações que
haviam de sulcar os tenebrosos mares, mandou D. Dinis semear na região de Leiria,
à beira mar, a floresta que ficaria na História de Portugal com o nome de
Pinhal de Leiria.
D. Dinis foi Trovador, quer dizer, iniciado
nos mistérios do Cristianismo esotérico, em plena actividade na península
hispânica. Por este motivo, quando Filipa IV, o Belo, rei de França, e o papa
Clemente V esmagaram os Templários com o propósito de se apoderarem dos seus
bens, D. Dinis soube usar o seu poder contra esses criminosos intuitos.
Impediu, com efeito, que os Templários portugueses e os seus avultados bens
fossem cair na cobiçada posse dos estrangeiros, convertendo a Ordem do Templo
em Ordem de Cristo e dando continuidade em Portugal ao antigo núcleo de cristãos
esotéricos a que ele próprio, o Rei Trovador, estava ligado.
Escassos três dias depois da tomada de Ceuta,
em 25 de Agosto de 1415, D. João I, que tinha pleno poder sobre a Ordem de
Cristo tal como o seu avô D. Dinis o tivera sobre a Ordem do Templo e depois
sobre a Ordem de Cristo, armou o seu filho D. Henrique cavaleiro da Ordem de
Cristo. Daí a pouco investia-o como administrador da mesma ordem, pondo
inteiramente nas suas mãos o tesouro que fora dos Templários e que ele consagraria
ao custeio das despesas com o gigantesco empreendimento da descoberta dos
caminhos marítimos, que tão grande impulso haveria de imprimir à aproximação
dos povos e à sua própria evolução.
Sob a administração de D. Henrique, os
primeiros chefes dos navegadores, com mestres portugueses eram cavaleiros da
Ordem de Cristo. Quer João Gonçalves Zarco, quer Tristão Vaz eram iniciados no
cristianismo esotérico, e portanto doutos na ciência dos astros que sempre
orientou todo o trabalho dos navegadores.
O Infante D. Henrique fundou em Sagres a sua ‘escola’
de navegadores, com mestres portugueses e estrangeiros, e nela montou o
primeiro observatório astronómico que houve em Portugal vocacionado para o
estudo da astronomia e da astrologia, ciência que até ao aparecimento da
Academia Francesa era privilégio dos matemáticos.
Os matemáticos eram exímios pesquisadores do
espaço sideral, seguindo os movimentos dos corpos celestes e determinando a
influência dos seus ângulos sobre os seres humanos e sobre as empresas.
Do lado direito da arca tumular do Infante D.
Henrique, onde ficou a cabeça, está o seu escudo de armas. À esquerda encontram
as insígnias da Ordem do Templo, sendo muito significativo que o escudo ostente
a cruz e não a Ordem de Cristo. Ao centro, ocupando lugar de relevo, figuram as
insígnias da Ordem da Jarreteira.
Efectivamente, além de iniciado e de
governador e administrador da Ordem de Cristo, O Infante D. Henrique era também
cavaleiro da Ordem da Jarreteira, uma austera ordem de cavalaria constituída
por apenas 26 membros, fundada em Inglaterra pelo rei Eduardo III (Avô de D. Filipa
de Lencastre) no ano de 1348 tendo por divisa Honny soit qui mal y pense (Desprezado
seja quem nisto pões malícia). Estas palavras, separadas por rosas, decoram
a moldura em círculo do escudo de S. Jorge.
As rosas simbolizam a maior pureza e inocência;
a cruz representa o corpo humano em que o espírito está crucificado durante a
vida terrena para aprender a ser virtuoso e puro até a cristificação; a legenda
recorda-nos a necessidade absoluta de sermos castos no modo de ver e também no
de pensar, para que vivamos serenamente.
A palavra da divisa, as rosas e a cruz
indicam eloquentemente que este grande português albergou na sua alma e no seu
coração o maravilhosos ideal dos rosacruzes, e a sua fixação no momento fúnebre,
na primeira capela, à direita da porta principal do magnifico Mosteiro da
Batalha, ficou a atestá-lo bem claramente.
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