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quarta-feira, 11 de abril de 2018


O INFANTE D. HENRIQUE

Para complemento do artigo “A PORTA PARA O PARAÍSO”, de 7.4.2018, junto mais este texto muito interessante que encontrei na publicação “Rosacruz” nº 427, da autoria de Francisco Marques Rodrigues, intitulado “O Infante D. Henrique”. As imagens foram acrescentadas por mim.

“ Filho de D. João I e de sua esposa, D. Filipa de Lencastre, o Infante D. Henrique nasceu na cidade do Porto em 4 de Março de 1395. O Sol transitava pelo segundo decanato do signo zodiacal dos Peixes, pertencente ao elemento água e regente de Portugal e da Galiza. Este signo tem, por sua vez, como regentes os planetas Neptuno e Júpiter. O primeiro exerce domínio sobre os oceanos e sobre o plano espiritual, vastíssimo campo povoado de mistérios; o segundo faz incidir o seu poder nas religiões e na filosofia, abrangendo os professores catedráticos e tudo o que consideramos mente superior (e também a alta finança).

Por este motivo, o Infante bem cedo começou a sentir-se atraído pelas misteriosas águas do Atlântico e pelas ciências espirituais. A narração que o seu irmão D. Pedro lhe fez das suas viagens pela Europa e da Ásia terá decerto acentuado nele o fervor pelo ignoto.

O Infante D. Henrique, um dos membros da ‘Ínclita Geração’, era bisneto de D. Dinis, o Rei Trovador, que tanto contribuiu para o engrandecimento de Portugal e que já acalentava o sonho da epopeia marítima. Com o fito de assegurar madeira para as embarcações que haviam de sulcar os tenebrosos mares, mandou D. Dinis semear na região de Leiria, à beira mar, a floresta que ficaria na História de Portugal com o nome de Pinhal de Leiria.

D. Dinis foi Trovador, quer dizer, iniciado nos mistérios do Cristianismo esotérico, em plena actividade na península hispânica. Por este motivo, quando Filipa IV, o Belo, rei de França, e o papa Clemente V esmagaram os Templários com o propósito de se apoderarem dos seus bens, D. Dinis soube usar o seu poder contra esses criminosos intuitos. Impediu, com efeito, que os Templários portugueses e os seus avultados bens fossem cair na cobiçada posse dos estrangeiros, convertendo a Ordem do Templo em Ordem de Cristo e dando continuidade em Portugal ao antigo núcleo de cristãos esotéricos a que ele próprio, o Rei Trovador, estava ligado.

Escassos três dias depois da tomada de Ceuta, em 25 de Agosto de 1415, D. João I, que tinha pleno poder sobre a Ordem de Cristo tal como o seu avô D. Dinis o tivera sobre a Ordem do Templo e depois sobre a Ordem de Cristo, armou o seu filho D. Henrique cavaleiro da Ordem de Cristo. Daí a pouco investia-o como administrador da mesma ordem, pondo inteiramente nas suas mãos o tesouro que fora dos Templários e que ele consagraria ao custeio das despesas com o gigantesco empreendimento da descoberta dos caminhos marítimos, que tão grande impulso haveria de imprimir à aproximação dos povos e à sua própria evolução.

Sob a administração de D. Henrique, os primeiros chefes dos navegadores, com mestres portugueses eram cavaleiros da Ordem de Cristo. Quer João Gonçalves Zarco, quer Tristão Vaz eram iniciados no cristianismo esotérico, e portanto doutos na ciência dos astros que sempre orientou todo o trabalho dos navegadores.

O Infante D. Henrique fundou em Sagres a sua ‘escola’ de navegadores, com mestres portugueses e estrangeiros, e nela montou o primeiro observatório astronómico que houve em Portugal vocacionado para o estudo da astronomia e da astrologia, ciência que até ao aparecimento da Academia Francesa era privilégio dos matemáticos.

Os matemáticos eram exímios pesquisadores do espaço sideral, seguindo os movimentos dos corpos celestes e determinando a influência dos seus ângulos sobre os seres humanos e sobre as empresas.

Do lado direito da arca tumular do Infante D. Henrique, onde ficou a cabeça, está o seu escudo de armas. À esquerda encontram as insígnias da Ordem do Templo, sendo muito significativo que o escudo ostente a cruz e não a Ordem de Cristo. Ao centro, ocupando lugar de relevo, figuram as insígnias da Ordem da Jarreteira.


Efectivamente, além de iniciado e de governador e administrador da Ordem de Cristo, O Infante D. Henrique era também cavaleiro da Ordem da Jarreteira, uma austera ordem de cavalaria constituída por apenas 26 membros, fundada em Inglaterra pelo rei Eduardo III (Avô de D. Filipa de Lencastre) no ano de 1348 tendo por divisa Honny soit qui mal y pense (Desprezado seja quem nisto pões malícia). Estas palavras, separadas por rosas, decoram a moldura em círculo do escudo de S. Jorge.

As rosas simbolizam a maior pureza e inocência; a cruz representa o corpo humano em que o espírito está crucificado durante a vida terrena para aprender a ser virtuoso e puro até a cristificação; a legenda recorda-nos a necessidade absoluta de sermos castos no modo de ver e também no de pensar, para que vivamos serenamente.

A palavra da divisa, as rosas e a cruz indicam eloquentemente que este grande português albergou na sua alma e no seu coração o maravilhosos ideal dos rosacruzes, e a sua fixação no momento fúnebre, na primeira capela, à direita da porta principal do magnifico Mosteiro da Batalha, ficou a atestá-lo bem claramente.

 

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