Como ultimamente o nome da Juíza Cândida
de Almeida tem aparecido nas notícias, relacionado com processos judiciais que
estão em andamento (Operação FIZZ), lembrei-me deste artigo que publico a
seguir para despertar a memória dos portugueses.
Os portugueses têm memória curta e
lembremos assim o que já se passou sobre a corrupção e a dificuldade em a
combater. De facto, quem detém o lugar de Procurador Geral da Republica tem
muita influência nesse combate e está sempre sujeito à pressão do Governo
quando ultrapassa determinadas fronteiras.
Talvez seja por isso que já se fala em
“afastar” a actual Procuradora, que faz frente à classe de “intocáveis” deste
país e até já há o “falatório” dos profissionais da desinformação da
Partidocracia que começam a lançar a ideia de se tirar poder a este órgão de
soberania independente.
Ora vejamos o artigo do apodrecetuga.blogspot.com
25 novembro, 2015
(Sublinhados meus. R)
João Cravinho contra a corrupção... salvo se for do PS.
João Cravinho, o político do PS com antiguidade suficiente para falar de
cátedra da corrupção endémica que afeta a classe política diz muito claramente
que " a corrupção
beneficia uma guarda pretoriana intensíssima e que há uma tropa de choque da
guarda pretoriana que protege a corrupção e é poderosíssima".
Ao ler isto lembramo-nos inevitavelmente de Cândida de Almeida e Pinto Monteiro que afirmaram publicamente que "Portugal não era um país de corruptos".
"A Justiça não está bem, mas não está tão mal como isso. Se corrermos a Europa, não encontramos Justiça melhor do que a portuguesa", disse Pinto Monteiro.(...)"
Cândida de Almeida, hoje magistrada no STJ e Pinto Monteiro, hoje jubilado do mesmo STJ, foram inevitavelmente dois dos mais destacados elementos dessa "tropa de choque" e mesmo do topo. Porquê? Diz Cravinho:
"Qual é o topo de elite dessa
guarda pretoriana? São os inocentes úteis, os que estão sempre cheios de
dúvidas e nunca sabem nada".
João Cravinho acha que " a corrupção mudou em Portugal e já não é o que era". Porque só nos últimos 10-15 anos subiu a
reprovação da pequena corrupção." Cravinho acha ainda que " O grande
problema é a corrupção por tráfico de influências. Há a ideia de que as
decisões são tomadas por interesses. Isso mostra que há uma impossibilidade das
instituições democráticas atacarem o sistema. Há até uma proteção pretoriana
para esses interesses por parte de uma rede colocada no aparelho de Estado, com
participação dos partidários, que
é pluripartidária, em que, a cada eleição,
muda quem decide, mas a rede está lá.
Há um grupo de avençados, que são pagos em carreiras políticas e que até podem achar que não participam na rede de corrupção, que não se reconhecem como agentes e beneficiários, mas são-no."
Este discurso de João Cravinho, redundante e algo deletério, deixa sempre tudo por dizer. Não nomeia evidentemente ninguém e deixa à imaginação de quem lê, a identificação dos não nomeados para estes óscares da corrupção.
É portanto uma corrupção sem corruptos.
E contudo, a João Cravinho é preciso perguntar o seguinte: quando se
lembrou de desmantelar a antiga JAE, por ser um couto de corrupção, o que veio
a seguir?
As parcerias público-privadas, além do mais. Sofregamente defendidas por
luminárias tipo Paulo Campos, outro inenarrável da nossa cena política, antes
disso vivamente acolitados por advogados tipo José Miguel Júdice e Proença de
Carvalho.
O que aconteceu com estas PPP? Cravinho saberá dizê-lo em modo claro e
frontal? O que sobra da sua ação no antigo ministério das obras públicas? Qual
o papel de um tal Lino, antigo comunista arrependido, neste lamaçal? Saberá
dizê-lo, João Cravinho?
Cravinho anda há décadas a clamar contra a corrupção e fê-lo algumas vezes contra o próprio partido. Reivindicou em 1998 um "pacote anti-corrupção" quando estava no governo de Guterres. Tinha nessa altura, como ajudante no Gabinete, em auditoria das que ainda não tinham sido extintas, num acto que só favoreceu a corrupção, o atual diretor do DCIAP, Amadeu Guerra e que poderá contar como os seus pareceres eram letra morta perante os poderes ocultos desse mesmo ministério. Cravinho lembrar-se-á disto, com toda a certeza.
Cravinho anda há décadas a clamar contra a corrupção e fê-lo algumas vezes contra o próprio partido. Reivindicou em 1998 um "pacote anti-corrupção" quando estava no governo de Guterres. Tinha nessa altura, como ajudante no Gabinete, em auditoria das que ainda não tinham sido extintas, num acto que só favoreceu a corrupção, o atual diretor do DCIAP, Amadeu Guerra e que poderá contar como os seus pareceres eram letra morta perante os poderes ocultos desse mesmo ministério. Cravinho lembrar-se-á disto, com toda a certeza.
Público
de 13 de Outubro de 1998.
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Não obstante tudo isso, logo que se plantou perante Cravinho uma
possibilidade concreta e real de ser consequente com a sua treta habitual de
combate à corrupção, o que fez? Isto que o general Garcia dos Santos contou há
algum tempo e que neste blog, em 24
de Abril 2012 publiquei por ocasião de uma entrevista do general ao i desse dia. E que dizia o mesmo general?
Quer outro exemplo? As auto-estradas, as Scuts. Eu tive uma conversa com o engenheiro Cravinho em que ele me disse que ia pôr a funcionar as Scuts. Eu disse: “Ó senhor ministro isso é um tremendíssimo disparate!”. A Scut é uma invenção inglesa, ao fim de pouco tempo os ingleses puseram aquilo completamente de parte, por causa do buraco que era previsível. Mas disse-me que o assunto estava exaustivamente estudado sob todos os aspetos, técnico, financeiro. Está à vista o buraco que são as Scuts.
Quer outro exemplo? As auto-estradas, as Scuts. Eu tive uma conversa com o engenheiro Cravinho em que ele me disse que ia pôr a funcionar as Scuts. Eu disse: “Ó senhor ministro isso é um tremendíssimo disparate!”. A Scut é uma invenção inglesa, ao fim de pouco tempo os ingleses puseram aquilo completamente de parte, por causa do buraco que era previsível. Mas disse-me que o assunto estava exaustivamente estudado sob todos os aspetos, técnico, financeiro. Está à vista o buraco que são as Scuts.
Jornal i - E as PPP?
Garcia dos Santos- É a mesma coisa.
Jornal i - Quando saiu da JAE denunciou uma situação generalizada de corrupção. Acha que as PPP também se integram nessa situação? O Tribunal de Contas diz que houve contratos que lesaram o interesse público.
Garcia dos Santos-Tem que se admitir a possibilidade de haver ali corrupção, e da forte. Como é que se atribui a uma determinada entidade certos privilégios que não seriam naturais? É porque se calhar há alguém que se locuptou com alguma coisa. Infelizmente, outra coisa que funciona mal no nosso país é a justiça. Nunca chega até ao fim.
Jornal i - Foi colega do eng. João Cravinho no Técnico…
Garcia dos Santos-Foi por isso que ele me chamou para ir para a Junta. Sabe o meu feitio e quis que eu limpasse a casa.
Jornal i - Mas o que é que aconteceu? O eng. João Cravinho chama-o para limpar a casa, o senhor limpa, e depois zangam-se. O que se passou?
Garcia dos Santos- Fomos colegas no Instituto Superior Técnico. Houve um jantar de curso e nesse jantar o Cravinho a certa altura chama-me de parte e diz: “Tens algum tempo livre?”. E eu disse: “Tenho, mas porquê?”; “Eu precisava de ti para uma empresa”; “Que empresa?”; “Agora não interessa, a gente daqui a uns tempos fala”. Passado uns tempos chamou-me e disse-me: “Eu quero que vás para a Junta Autónoma das Estradas, mas não digas a ninguém que o gajo que lá está [Maranha das Neves] nem sonha”. O Cravinho deu-me os 10 mandamentos do que eu precisava de fazer na Junta, limpar a casa, obras que era preciso fazer, etc. Entretanto, comecei a conhecer a casa, dei a volta ao país todo e um dia disse-lhe: “Há aqui uma série de coisas que é preciso fazer e há 11 fulanos que é preciso pôr na rua”. Ele retorceu-se, chamou-me daí a dois dias, disse que era muito complicado. O problema é que era através de uma das pessoas que eu queria pôr na rua que passava o dinheiro para o PS.
Em 2009, escrevi aqui isto:
"Dois anos antes da chegada do general fora ordenada uma auditoria na
JAE na sequência de afirmações do presidente da Confederação da Indústria
Portuguesa, Pedro Ferraz da Costa. Foram detetadas "atividades privadas
geradoras de incompatibilidade legal". Mas - segundo a Procuradoria-Geral
da República - em nenhum caso se evidenciaram "situações de corrupção ou
de financiamento de partidos", precisamente o que Garcia dos Santos
denunciou ao "Expresso" meses depois de ter renunciado à presidência
da Junta.
"O engenheiro Cravinho e eu fizemos o mesmo curso no Instituto Superior Técnico", rememora o general. "Hoje apresenta-se como um paladino contra a corrupção, mas na altura recusou fazer certas coisas." Quais coisas? As respostas do general são crípticas: "Eu sabia de muitos empreiteiros?" Sim, mas quantos? "Vários, alguns..."
Garcia dos Santos exigiu a expulsão de "tal e tal e tal", funcionários da JAE. Cravinho aceitou mas acabou por recuar, o que levou o militar a pedir a demissão e a telefonar ao semanário de Pinto Balsemão. Na edição de 3 de Outubro de 1998 afirmou ter "quase a certeza absoluta" de que o governo sabia quais eram "as pessoas corruptas dentro da Junta".
João Cravinho tem o mérito de clamar quase sempre no deserto, por um combate mais eficaz contra a corrupção e isso é de louvar. Porém, numa ocasião ímpar em que teve a faca e o queijo na mão para concretizar tal combate efetivamente, o que fez? Recuou, acobardou-se e por isso mesmo foi ganhar para o BERD um balúrdio de massa que é sempre o objetivo que os corruptos de partido, em Portugal, almejam. O que Cravinho ganhou no BERD, legalmente, é o que muitos corruptos ganham com as suas atividades debaixo da mesa. A.Vara, por exemplo, conhecem? Face Oculta? Aí está..
Quando foi para lá e quem o nomeou? Pois, foi o recluso 44, em 2007, evidentemente para o afastar do Parlamento e de mais iniciativas contra a corrupção. E Cravinho aceitou...
Antes disso, foi o pai das SCUTS, outro foco de corrupção, inevitavelmente, apesar de um dos beneficiários, grande padrinho de Jorge Coelho, assegurar que era tudo gente séria...
Que dizer disto tudo? Que por vezes o discurso de Cravinho é apenas um folclore, uma encenação para que tudo fique na mesma, apesar de nada mudar.
CÂNDIDA ALMEIDA: EU DIGO-VOS OLHOS NOS OLHOS QUE NÃO HÁ CORRUPÇÃO EM PORTUGAL
PAULO MORAIS EXPLICA QUE SE NOTOU UMA MELHORIA NA JUSTIÇA, COM A SAÍDA DE CÂNDIDA ALMEIDA E PINTO MONTEIRO.
AS RENDAS DAS PPP INCLUEM RENDAS PARA ENCHER AS CONTAS DOS PARTIDOS, EXISTE UM GRUPO DE CORRUPTOS MULTIPARTIDÁRIOS QUE GARANTEM E PROTEGEM A CORRUPÇÃO
A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO É UMA FARSA. AS LEIS SÃO FEITAS DE PROPÓSITO PARA CHUMBAR.
A CORRUPÇÃO ESTÁ NAS PRÓPRIAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS QUE NOS DEVERIAM PROTEGER DA CORRUPÇÃO.
ARTIGO COMPLETO: http://apodrecetuga.blogspot.com/2015/11/candida-de-almeida-e-pinto-monteiro.html#ixzz3sVmSh2r9
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