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sábado, 8 de junho de 2024

 

PORQUE UM DEUS POSSESSIVO, CRUEL E VINGATIVO NO ANTIGO TESTAMENTO




Muita gente ao ler o Antigo Testamento fica completamente confuso e horrorizado com a “fúria” de Deus e suas “ameaças” de castigos para quem não O adore, exigindo sacrifícios de sangue nos seus altares.


As pessoas, sem a devida orientação dos seus sacerdotes, consideram as narrativas bíblicas apenas como factos históricos, o que, na minha opinião, não é o objetivo da Bíblia.


A Bíblia, a par dos dramas concretos da vida quotidiana de um povo, com relevo (talvez exagerado) pelos episódios escolhidos para incutir princípios morais e normas de comportamento, tem por missão absoluta orientar aquele povo para ser a alavanca de desenvolvimento e progresso da humanidade, cada vez mais numerosa e que passa a viver em comunidade. As normas de comportamento, altamente influenciadas pela luta pela sobrevivência, com o egoísmo e individualidade consequentes, em que é cada um por si, impedem a organização de comunidades em que todos trabalhem para o mesmo fim.


Para compreendermos esta finalidade, teremos de fazer uma abordagem muito mais ampla, sobre a finalidade e a estratégia seguida para incutirem valores no homem que o ajudem a evoluir com segurança.


Há a abordagem histórica (que pela grande dificuldade de interpretação e desconhecimento rigoroso da mentalidade daquela época só leva a contradições e deturpações), há a abordagem religiosa (que, logicamente só é entendida pelos teólogos porque desleixam a componente material de evolução) e a abordagem esotérica (a mais completa, para mim, porque leva em conta a interdependência entre matéria e espírito).


Por, isso, quando me debrucei sobre o estudo da Bíblia, em vez de a ver como um documento histórico com todos os factos devidamente coordenados e rigorosos e devidamente documentados (apesar de Arqueólogos e Investigadores já terem encontrado vestígios que corroboram algumas passagens da Bíblia) e muito fácil de criticar, pela ignorância, procurei qual a razão profunda da existência daquele livro e qual a sua finalidade. Grosso modo, no Antigo Testamento, os evangelhos mostram-nos a coerência de um plano para transmitir formas de comportamento cívico aos humanos, numa fase primitiva e rude de desenvolvimento, em que seria necessário incutir-lhes novos valores para viverem em comunidade e progredirem.


Foi preciso dar ao Homem uma Religião apropriada à sua ignorância. Teria sido inútil ter-lhe falado, no estado muito rudimentar em que se encontrava, de um Deus que era todo de amor e ternura. O homem, daquele tempo, consideraria isso como uma fraqueza. Não se poderia esperar que reverenciasse um Deus possuidor de qualidades que eram desprezíveis para ele. O Deus a quem reverencia teria de ser um Deus forte, um Deus temível, um Deus que tivesse o raio, o trovão e o poder de fulminar.


Deste modo, o Homem viu-se obrigado, inicialmente, a temer a Deus. Foi-lhe dada uma religião com uma natureza que pudesse favorecer a sua felicidade espiritual, mas sob o látego do medo (o caminho mais curto. Bem há pouco tempo os métodos de ensino seguiam a mesma estratégia para o aluno aceitar os ensinamentos, que não compreendia, mas lhes seriam úteis para o seu desenvolvimento na sociedade).


Depois, pela obrigatoriedade de ceder, em sacrifício, uma parte dos seus bens mais valiosos, foi-lhe induzida certa forma de altruísmo. Aqui, começa a confusão, para muitos os que criticam e não conhecem a Bíblia, a crença do "povo escolhido" que julga que Deus é só deles e não de toda a humanidade, dando-lhe o nome de Jeová.


Na Bíblia, confunde-se este deus com o Deus Criador, porque a história que está a ser escrita é a do "povo escolhido". Este deus, que foi introduzido, um deus da raça ou da tribo, seria um deus zeloso que exigia a mais estrita reverência e obediência, além do sacrifício da sua fortuna, coisa que o Homem, em desenvolvimento, muito apreciava. Em troca, esse deus da raça era um amigo e poderoso aliado, que ajudava os homens nas suas batalhas e lhes devolvia (multiplicados) os carneiros e cereais que lhes eram sacrificados. O Homem ainda não tinha chegado ao estado de compreender que todas as criaturas são semelhantes, mas o deus da tribo ensinou-lhes a tratar benevolamente os seus irmãos da tribo e a fazer leis equitativas e justas para os Homens da mesma raça.


De resto, o que a Bíblia narra é a história dos homens desta tribo, com as suas rebeldias sucessivas, contra o seu deus, e o seu caminho cheio de sofrimento. Mas, mesmo assim, foi possível encaminhá-los para o cumprimento da lei, que tão poucas pessoas aprenderam a conhecer e obedecer.


O segundo passo para a evolução do homem pedia mais do que o mero sacrifício dos bens. Pedia-se-lhes o sacrifício de si mesmos, que de manhã à noite agisse misericordiosamente com todos. Devia desprender-se do egoísmo e amar o próximo como se tinha amado a si mesmo.


Alem disso, não lhe era prometida nenhuma recompensa visível e imediata. Devia apenas ter fé numa felicidade futura (introdução e estímulo a aprender conceitos subjetivos, mais elevados, e próprios de seres evoluídos. Os seres mais atrasados não têm capacidade para aceitar ou criar conceitos subjetivos. Tudo neles tem que ser terra a terra e de acordo com o mundo material que o rodeia. Para eles não há as cores compostas mas só as cores que vê na natureza e toda as suas interpretações do mundo têm que estar de acordo com o que ele vê no seu mundo em redor).


Portanto, não é de estranhar que o povo considerasse difícil realizar este elevado ideal de agir bem, continuamente, ainda mais complicado por ter que abandonar o egoísmo. O terceiro passo da estratégia foi dar outro impulso benéfico incorporando na nova Religião o conceito da "expiação dos pecados (faltas capitais) por substituição".


Esta doutrina é observada por muitos filósofos que consideram como lei suprema a lei da "consequência" (o Karma para os esotéricos) motivo porque algumas faltas (proibições) passarem de geração para geração. Esta doutrina de expiação dá, às Almas crentes na Palavra de Deus, a força necessária para lutar, apesar dos repetidos falhanços para dominar a natureza inferior (maus instintos, tentações da carne).


O epílogo desta fé, a ajuda para a humanidade poder atingir um elevado grau de desenvolvimento físico e espiritual, foi o grande sacrifício do Calvário que, além de ter servido para outros fins, converteu-se numa âncora para a esperança de todas as Almas que se esforçam para realizar o impossível (por enquanto, nesta linha espaço/tempo): efetuar, num único período evolucionário, a perfeição exigida pela Religião Cristã.


Eu acredito, que a evolução humana corre por ciclos de vida sucessivos, em períodos que se desenvolvem em espiral, sempre para cima, em que a história se repete com maior riqueza e melhores resultados, até a raça dominante desse período, por ter esgotado os seus recurso da forma (do físico) terem de dar lugar a outra raça "criada" com as mutações adequadas para continuar a evolução em ambiente apropriado. Deste modo, pode-se compreender que os "livros Sagrados" da raça dominante, tenham semelhanças com os das outras raças dominantes de antes ou de depois. A Bíblia pode ser uma versão melhorada do Bhagavad Gita , mas não deixa de ser a Palavra de Deus para a humanidade atual.



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